Verdades esquecidas... - De Cervejeiras a Bruxas!


 


Olá, Pessoal!

Hoje quero falar sobre um tema que despertou a minha curiosidade há alguns dias. Vi uma publicação no TikTok e, como boa curiosa que sou, fui logo ao Google pesquisar, hahahaha! E, para minha surpresa, o que tinha ouvido era verdade.

Vou-vos dizer: fiquei chocada! Nunca poderia imaginar que uma figura tão famosa, icónica, presente em desenhos animados e filmes de época, era resultante de uma mentira histórica.

Epá, acho que agora vou começar a pesquisar as origens de todas as figuras icónicas que existem, porque vocês nem imaginam o que descobri (bem, acho que o título já deve ter dado um indicativo). Estou tão chocada que ainda não me recuperei!

Bem, sem mais rodeios, vou começar. Afinal, as “bruxas” são uma invenção? Sim, isso mesmo! As bruxas que aparecem nos desenhos animados — aquela com chapéu pontiagudo, que usava vassouras e tinha sempre um caldeirão a ferver em casa, sem esquecer o famoso gato preto — nunca foram bruxas. As coitadas foram apenas vítimas

 

A Ironia Histórica que Dói

Existe uma ironia histórica dolorosa por trás da imagem que hoje associamos às bruxas: muitos dos seus símbolos mais icónicos — o chapéu pontiagudo, o caldeirão fumegante, a vassoura à porta e até o gato preto — não nasceram do ocultismo, mas sim da labuta quotidiana de mulheres que sustentavam famílias e comunidades através da arte da cerveja. E, no entanto, essa mesma independência tornou-as alvo de uma das maiores campanhas de difamação da história.

Imaginem um mercado medieval: o cheiro de malte queimado no ar, caldeirões fumegantes, mulheres de chapéus altos anunciando cerveja fresca com vassouras erguidas. Agora, fechem os olhos e vejam a mesma cena pintada pela Inquisição: essas mesmas mulheres, agora "bruxas", voando em vassouras, cozinhando poções em caldeirões e pactuando com o demónio. O que aconteceu? A história apagou o ofício e inventou o monstro.

Esta é a ironia mais cruel: os símbolos que hoje associamos às bruxas — o chapéu, o caldeirão, a vassoura, o gato preto — não nasceram da magia negra, mas do suor de mulheres que sustentavam famílias inteiras com a arte da cerveja. E pagaram com a própria vida por isso.

 O Ofício que Virou Pecado

Entre os séculos XIII e XIV, a produção de cerveja era, em grande medida, um trabalho de mulheres. As cervejeiras (alewives) dominavam a técnica, utilizando caldeirões para a fervura do malte e ervas, enquanto os gatos protegiam os preciosos grãos de roedores. Os chapéus altos — semelhantes aos que hoje povoam o imaginário das bruxas — serviam para que fossem facilmente identificadas nos mercados medievais, e a vassoura erguida à porta anunciava aos viajantes que ali se vendia cerveja fresca. Era um sistema prático e funcional.

Mas então, como é que estas mulheres trabalhadoras e habilidosas se transformaram, aos olhos da posteridade, em figuras demoníacas? A resposta reside numa conjugação perversa de interesses económicos, misoginia e medo social. Com o crescimento das guildas de cervejeiros masculinos e a crescente influência da Igreja, estas mulheres independentes — muitas delas viúvas ou solteiras, donas dos seus próprios rendimentos — tornaram-se incómodas.

Aos poucos, os seus instrumentos de trabalho foram sendo reinterpretados como artefactos de bruxaria:

  • O caldeirão, outrora um simples tacho de cozer malte, passou a ser visto como recipiente de poções malignas.
  • A vassoura, um mero sinal de comércio, transformou-se num suposto veículo para voos nocturnos (hahahaha, imagina acreditar nisso!).
  • O gato preto, que protegia os grãos, virou "familiar demoníaco".
  • Os chapéus altos, que as destacavam nos mercados, passaram a ser símbolo das bruxas.

E assim, as cervejeiras viraram “bruxas”

 A Caça que Silenciou Mulheres (e Economias)

Como bem sabemos, a história é escrita pêlos vencedores — e, neste caso, os vencedores foram aqueles que conseguiram apagar o papel económico e social destas mulheres, substituindo-o por uma figura aterradora.

A caça às bruxas não foi só sobre religião. Foi também uma forma de silenciar conhecimentos tradicionais e controlar corpos e economias femininas. Ou seja, foi sobre poder.

Entre 1450 e 1750, estima-se que 60 mil a 100 mil pessoas (80% de mulheres) foram queimadas ou enforcadas na Europa e colónias. Muitas eram:

  • Cervejeiras (acusadas de "enfeitiçar" a bebida).
  • Parteiras (conhecimento reprodutivo = heresia).
  • Herdeiras de terras (homens cobiçavam suas propriedades).

A lição? Quem controla a narrativa controla o futuro. E os vencedores escreveram uma história onde mulheres independentes viraram caricaturas do mal.


Conclusão: A Magia que Sobreviveu

Hoje, quando vemos uma bruxa num filme, vemos apenas a figura aterradora. Ninguém pensa — nem vê — a verdade: que por trás daquele chapéu pontiagudo e daquele caldeirão a ferver, havia uma mulher que trabalhava, criava filhos e alimentava comunidades.

A sua verdade foi apagada, mas não totalmente. Como diz o provérbio irlandês:

"O fogo queima a bruxa, mas não queima a história."

E talvez essa seja a maior magia de todas: a resistência de uma narrativa que sobrevive, mesmo quando tentaram apagá-la.

E Agora?

Parece que temos de rever a nossa visão sobre as bruxas. Afinal, elas apenas eram mulheres trabalhadoras e empreendedoras.

Alguém tinha conhecimento destes factos? Se sim, quando descobriram? Se não, o que acham dessa mentira que foi criada para dominar as mulheres? E agora que sabes, o que vais fazer com essa informação?

Beijinhos e até ao próximo post (sem caldeirões, prometo!)
Ema 
💀🔥


Fontes para Quem Quer Virar "Bruxo" da História

Se queres mergulhar fundo nessa fogueira de verdades, aqui estão fontes que não queimam 😉🔥:

  1. Bruxas e Cerveja: A Conexão Esquecida – Aborda detalhadamente o papel das mulheres na produção de cerveja na Europa medieval, a simbologia (caldeirões, vassouras, gatos) e como a Inquisição e a competição masculina levaram à associação com bruxaria. Inclui contexto histórico e cultural sólido.
  2. Como a Igreja Transformou Cervejeiras em Bruxas – Traça a transição das mulheres como principais produtoras de cerveja para vítimas de acusações de bruxaria, com ênfase nos séculos XV–XVI. Discute a manipulação da Igreja e guildas masculinas, além de dados sobre a marginalização económica feminina.
  3. Chapéu Pontiagudo Veio do Mercado, Não do Inferno – Explora a teoria de que a iconografia das bruxas (chapéus, vassouras) surgiu de práticas de cervejeiras medievais, com exemplos concretos como o uso de caldeirões e gatos. Inclui reflexões sobre o contexto social da época.

 

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