Sentimentos - Percepções sobre o amor

 

A vida é uma caixinha de surpresas, e geralmente nada ocorre como esperamos. Somos sempre surpreendidos pelos acontecimentos e gerimos as situações que vão surgindo.

O dia-a-dia da maioria dos adultos é corrido e puxado, que às vezes parece que não devíamos sair da cama. Quanto mais idade temos, percebemos que nada é fácil, nada é por acaso. Tudo tem o seu grau de dificuldade, o seu preço, e algumas vezes não queremos pagar o preço.

Inventamos desculpas, damos voltas, à procura do caminho mais fácil, só para facilitar a nossa vida. Mas, no fim do dia, não há escolhas, temos que pagar o preço para ter o que queremos.

 


Enquanto fomos crescendo, não pensávamos que as coisas seriam tão difíceis. Na verdade, ninguém nos preparou para isso. Crescemos a ver os nossos pais a cometerem erros e a achar que se estivéssemos no lugar deles faríamos melhor. Crescemos a achar que éramos donos de toda verdade, a ignorância da juventude nos dava força para abrir a boca e dizer: "Eu serei melhor", "Eu não faria isso", "Isso está errado". Mas o que sabíamos nós da vida? A maioria, quase-nada. Alguns, devido às vicissitudes da vida, sabiam alguma coisa. Eu, em particular, sabia quase-nada e até hoje estou em processo de aprendizado.

Até hoje, com mais de 40 anos, estou à procura de entender o que é a vida, quem eu sou e o que estou aqui a fazer...

E, na verdade, cada dia que passa descubro coisas novas, sobre mim, o que me permite olhar o mundo e a vida com outros olhos, ou melhor, me permite ver cores e nuances que eu não via na vida e no mundo.

Há dias percebi algo muito interessante, que fez toda a diferença para mim: Não devemos depositar as nossas expectativas nos outros.

Quando estamos numa relação, queremos ser aceites como somos, "ah, porque eu sou assim mesmo". Queremos que a família do nosso parceiro nos aceite como somos e nos considere e nos trate como filho ou filha. E fazemos ciúmes da forma como os outros são tratados, reclamamos que não nos amam e nos tratam com diferença.



Mas a verdade, é que nós somos os intrusos. Afinal, só passamos a ter contacto com esta família devido a uma relação. Logo, é normal que nos tratem de maneira diferente. Evidentemente, não crescemos juntos, não saímos do ventre de alguém daquela família. Apenas entramos para a família já na fase adulta e levamos connosco toda nossa bagagem emocional e ficamos à espera que nos acolham, nos cuidem, nos mimem e nos amem.

Mas afinal de contas, nós também não viemos de uma família? Nós também temos pais e mãe, irmãos e primos, avós e tios. Qual a razão de depositar tantas expectativas em outra família que conhecemos já na vida adulta?

Será medo de resolver as nossas pendências familiares? Será preguiça de ir atrás, dar soluções? Será o orgulho a falar mais alto, por que achamos que temos razão? Será inveja do sucesso do outro? O que será que nos impede de zerar e resolver os conflitos que temos com os nossos familiares, pais, irmãos, sobrinhos, primos, tios, sobrinhos?

Deixamos os nossos de sangue e nos apegamos à família, dos parceiros, dos amigos, e queremos que eles nos amem com intensidade, nos cuidem com zelo, nos abracem com ternura. Mas será que já fizemos isso com os nossos?

Temos que aprender a cuidar de nós. Resolver os conflitos entre os nossos, por muito difícil que seja, é falando que as pessoas se entendem. Isso de tirar conclusões com base em "achismos", com base em desconfianças é perigoso.

Na verdade, o caminho para resolução de qualquer problema familiar, passa por uma conversa franca.

Colocar alguém de parte porque "me olhou torto", porque "tem cara de achado", porque "é armado que sabe tudo" não é inteligente e nem é uma atitude adulta e madura. Devemos resolver os conflitos com as pessoas que amamos. Não devemos deixar que as diferenças nos separem, temos que saber conviver e viver com a diferença.



Nem todas as pessoas a nossa voltam vão nos amar e está tudo bem. Mas aqueles que nos amam devem ser bem cuidados e valorizados.

Não devemos esperar que os outros nos amem da mesma forma e intensidade que amamos. Cada pessoa expressa o amor de maneira diferente.

Para saber que somos amados não precisamos de ouvir “Eu te amo”, são nos pequenos gestos que vemos e sentimos o amor, logo devemos cultivar e alimentar esse sentimento, com carinho, compreensão, perdão e paciência.

Nesta vida nada é garantido, somos carne e como tal estamos debaixo do julgo da morte, logo, ninguém sabe qual é seu último dia de vida. Não sabemos, como será o amanhã, por isso devemos aproveitar o hoje, o presente para esclarecer tudo e resolver as nossas pendências familiares e de amizade.

Em nome do amor que sentimos pelos nossos, vamos colocar as diferenças de lado e falar. Do mesmo jeito que achamos que temos razão, o outro lado acha o mesmo, se falarmos vamos esclarecer tudo. Por exemplo: Às vezes, as pessoas que mais amamos nos magoam, e isso pode ser difícil de aceitar. Mas temos que dar o passo para esclarecer a situação.  No entanto, é importante lembrar que não somos capazes de controlar as acções dos outros.

Algumas pessoas podem dizer, que existem pessoas complicadas, familiares maus, mesquinhos e vingativos, sim, isso é verdade. Mas assim ficamos com uma situação resolvida e tiramos de nos a responsabilidade daquele afastamento. Porque como disse lá em cima, “Nem todas as pessoas a nossa voltam vão nos amar e está tudo bem." Por exemplo: O perdão é um processo difícil, mas é essencial para nossa saúde emocional. Quando perdoamos alguém, estamos a deixar ir à dor e o ressentimento que sentimos. Isso nos permite seguir em frente e construir relacionamentos mais saudáveis.

Mas devemos cuidar bem daqueles que nos amam, devemos tê-los a nossa beira, a nossa volta, na distância de um abraço, de uma chamada telefónica ou de uma visita de surpresa. Devemos valorizar as pessoas que nos amam. E não devemos dar como certo o amor que recebemos.

Eu levei anos para entender os meus sentimentos, achava que não era amada ou querida e depois de uma situação que teve grande impacto sobre mim, os meus olhos se abriram, assim do nada Deus me deu uma chicotada nas costas e eu percebi o amor. E quando percebi eu chorei, sim, chorei por que percebi que sempre fui amada, que sempre fui querida e que existem formas diferente de demonstra o amor, e sempre me foi demonstrado, e eu não via, se calhar porque estava à espera de uma demonstração como nos romances que eu lia, ou como nas novelas que via (hahahahaha). Mas a verdade que os angolanos têm uma forma própria de demonstrar carinho e amor, que não se faz valer de palavras.



Eu percebi que reclamava muito e só olhava para os defeitos dos outros e isso me impedia de ver o amor, a minha volta, demonstrado nos pequenos gestos.

Do mesmo jeito, percebi que devia me desarmar, deixar de estar na defensiva e isso me trouxe uma leveza muito grande. Percebi que não posso cobrar o que nunca dei, que não sou uma pessoa fácil de compreender, que cada um tem as suas manhas e manias e está tudo bem. Percebi que não adianta esperar amor de quem não nos ama e está tudo bem.

Percebi que devemos dar flores as pessoas que amamos em quanto estamos vivos, devemos enviar um SMS aos nossos, apenas para eles saberem que pensamos neles.

Percebi que dizer te amo, não é sinonimo de amar, hahahhaha, que o amor é demonstrado e quem recebe uma demonstração de amor se sente a pessoa mais especial do mundo.

Percebi tanta coisa que quando dei conta, tinha mudado uma parte de mim, que agora tenho que aprender a conhecê-la. Mas a verdade é que me sinto livre e leve e isso é muito bom!

Quando comecei a escrever esse texto era para abordar outro assunto, mas parece que os meus Pensamentos em Ebulição mais uma vez levaram a melhor….

 

 

 Por: Ema Rodé Gapis 


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